sábado, 1 de outubro de 2011

Nele

‎a menina em mim percebeu que o amor é muito maior que a gente
que enquanto oceano, vales e abismos
não é o amor que está em mim
sou eu que estou nele

domingo, 28 de agosto de 2011

Autobiografia inacabada proibida pelos outros e início da mais mais nova crise



Houve um tempo, entre meus vinte e cinco e trinta anos, em que mais aprendi. A coisa funcionava mais ou menos assim: o conhecimento pairava diante da face e eu o pegava facilmente. Absorvia-o numa pressa de porosidade que me sentia invencível. Sim, poderia ter sido qualquer coisa nessa idade: cientista, médica, roteirista, jornalista, etc. Minha mente estava aberta de um jeito e eu achava aquilo excitante. A disposição era tanta para aprender que estranhava a morbidez alheia e a vagarosidade nas descobertas das coisas. Paradoxalmente, eu também me apagava. Porque eu me debruçava sobre o conhecimento, acariciando-o até conquistá-lo. Mas eu mesma, eu de mim, nada sabia. A pista mais remota era que eu gostava de aprender. Entendo isso hoje como uma forma que, inconscientemente, criei para driblar as gaiolas em que me enfiei e fugir. Aliás, fugir era a tônica. Aprender de tudo para não pensar na vida em que eu levava. A partir dos trinta, e percebendo o quanto obedeci aos outros, o quanto quis ser o tipo certo para cada qual que me vislumbrasse, reagi. O resultado disso foi a solidão. Refiro-me à solidão de ideias, de compartilhar sentidos diferentes de vida. Então abri o cadeadinho da gaiola. Eu juro que os primeiros passos foram em uma floresta e o medo de ser engolida por algum animal escondido entre as árvores me apavorava. Mas a repetição dos dias iguais em minha mente, gotejando eficaz na memória, impediu-me de voltar à gaiola. Por que dentro das prisões, sabemos o que vai ser. É confortável porque sabemos exatamente o que vai ser. O medo é fora. O medo é ser. Então joguei-me no mar de pessoas ditas trabalhadoras do mundo. Fui me fazendo máquina, engrenagens e correias. Ajustando-me e o óleo era o soldo ao fim do mês. Mais uma gaiola, pensei. Porque é fácil se perder. Porque é fácil viver disfarçando ser um tipo. Mas o conhecimento, e essas cócegas que vem junto com ele, estavam ali. Nas axilas da mente, em cada dobra do corpo sensível ao toque. Não demorou para acontecer a primeira crise: em que me tornei e quem eu sou? Um ritmo alucinado e quem eu sou? Relatórios, horários, reuiniões, projetos. E quem eu sou? A arte, então, em todas suas nuances, foi passando feito trailer de cinema em uma mente quase turva de tão cansada por não ser. Mas eram respingos diante da rotina massacrante. Como quando o menino Totó, Salvatore Di Vita, de Cinema Paradiso, caminha rumo ao velório do pai, e vê um cartaz de filme. Ele seguia o protocolo de mãos dadas com a mãe. Mas o cartaz (a arte) o salvou durante um breve momento. Porque somente a arte nos permite saber quem somos. Ela nos devolve essa concepção e dizemos 'embrilharados': eu sou isso! Com quando lemos um poema e dizemos: eu sou isso! Ou quando ouvimos uma música e dizemso: essa música sou eu! E foi o que aconteceu: a arte foi discretamente penetrando meus dias em forma de poemas e música e películas. Mas como beber disso se o prato oferecido pelo dia após dia era o casulo do horário de trabalho somado à obrigação de continuar sem lamentações? Então houve também o tempo em que desejei ser menos inteligente. Lamentei profundamente a expansão de minha mente, pois tal feito havia me causado problemas: eu queria mais da vida e eu queria ser. Enquanto a rotina dizia que eu precisava me anular para ter. Eu desejei ser robô, feito aqueles que não pensam, não questionam, são felizes ao fim do mês. Mas a expansão da mente para fugir das cadeias aliada à graça individual construída em criança, me infiltraram a poesia e as letras. Hoje, sofro, sofro ainda e tanto. Tenho as crises já conhecidas pelos queridos próximos. Lamento não conseguir ser robô e não me conformar. Lamento quando me perco e me perco de mim e não sei mais como retomar à poesia-texto-vida que me signfica. O que mais toca e asperge nessas horas do dia é o sentido de estar aqui e o medo de não estar sendo eu mesma em todas minhas faces e formas. Ontem, ao ouvir Ian Sanson na Tarrafa Literária dizer que escritor é aquele que não deu certo em nada. Daí me vira o Fabrício Carpinejar e diz que escrever é copiar o íntimo das pessoas, ver o avesso das coisas. Peço desculpas aos meninos faladores de ontem, mas pra mim, escrever é ser. Eu dei certo em muita coisa. E não busco só o avesso das coisas. Porque existe tanta costura nessa tecitura, que o quem me provoca mais é o viés, é a dobra, é a prega. Escrever para a mô é SER. E é isso que buscarei mais ferozmente daqui pra frente.

domingo, 29 de março de 2009

sentido literal...


tanta coisa aconteceu em São Paulo...minha cabeça tá rodando...rs...mas é tudo tão bom!!! eu gosto de São Paulo...eu fico ali, no metrô...lendo...e outros lendo também...cada um com sua vida...indo e voltando...ou não...rs...eu gosto sempre de ter um objetivo...gosto sempre de querer coisas... de estar sempre a fim de alguém...é mais divertido assim...fui e voltei com Daniel Penac (Como um romance)...também li sobre contos de fadas durante parte do trajeto...e escrevi...no metrô...no ônibus...em vários lugares...bom estar viva e sentir tudo isso...o que escrevi porém, não pode ser postado nem aqui, nem no outro "Estripitize-se" ...é que foi tão longo que virou conto...há histórias, como as de amor também, que começam simples...como uma amizade...e se transformam em um romance...literalmente...rs...beijos a todos e boa semana...

domingo, 22 de março de 2009

Namastê

"O sereno não guarda rancor, não é vingativo, não sente aversão por ninguém. Não continua a remoer as ofensas recebidas, a alimentar o ódio, a reabrir as feridas. Para ficar em paz consigo mesmo, deve estar antes de tudo, em paz com os outros. Jamais é ele quem abre fogo; e se os outros abrem, não se deixa por ele queimar, mesmo quando não consegue apagá-lo. Atravessa o fogo sem se queimar, a tempestade dos sentimentos sem se alterar, mantendo os próprios critérios, a própria compostura, a própria disponibilidade."
Texto de Norberto Bobbio, extraído do livro "Elogio da leitura" de Gabriel Perrisé

sábado, 14 de março de 2009

Eu quero tirar mais os sapatos

perto de casa...


Ai, ai...Não tenho tido tempo de escrever aqui. Chego em casa do trabalho e aparecem dez coisas pra fazer. Tudo ao mesmo tempo. Queria fazer um curso de cabala. Queria começar o pilates. Acho que só quando tiver carro novamente. Não queria, sabe? Confesso que me sinto culpada biologicamente por ter carro. Será mais um nesse trânsito caótico. Mas terei mais horas de sono. Uma hora a mais todos os dias, ao longo da semana, já me estabilizam. Hoje fui pra São Paulo buscar meu diploma. Alguma coisa aconteceu e não me entregaram. Vão me ligar pra dizer quando posso buscar. Mas o passeio foi bem agradável. Ao meu lado sentou dona Célia. Ela mora no Rio, na Barra. Conversamos bastante. E as memórias de infância e adolescência vieram tão fortes em mim. Eu gostei tanto da dona Célia. Lembrei de quando eu ia passar as férias no Rio. Até os cheiros vieram. A alegria dos primos. O mimo dos tios. Adoro o Rio. Quando já estava chegando em casa, passei por uma banca e bati os olhos numa revista que procurava há tempos: "Revista dos Vegetarianos" da editora Europa. Daí, por coincidência, a revista trazia uma entrevista com o médico Alberto Gonzalez, que escreveu "Lugar de médico é na cozinha". É o livro que estou lendo agora. Mas coincidências não existem. E tenho sido muito feliz com a leitura. Mudei minha alimentação há seis meses e só tenho comemorado. A cada dia tenho aprendido uma coisa nova. Isso é tão importante pra mim: estar em equilíbrio com o meu corpo. Saber que agora eu me alimento. Que as trocas celulares acontecem dentro de mim, trazendo mais saúde. Há uma alegria e calma que vem de brinde. Descobri, por exemplo, que a serotonina é processada no intestino. E quanto mais alcalina for nossa alimentação, mais saúde este órgão terá para cumprir sua função em harmonia. Fora isso, uma sensibilidade ambiental tomou conta de mim. Eu quero a minha saúde e a do ambiente em que moro. Todas as vezes ao passar por um rio no caminho do meu trabalho, tenho vontade de limpá-lo. Eu sinto mais o cheiro do mato. Eu sou aquela pessoa que olha o céu e acha que até a posição das nuvens é fenômeno. Pra mim, tudo é fenômeno. Tudo é incrível: o barulho do mar, as nuvens abrindo pra lua aparecer, o musgo que cria no bonsai que fica no meu quarto. Tudo. Tudo. Os amigos. Dona Célia. O livro do Fernando Sabino que veio parar nas minhas mãos, hoje na livraria. Vou jantar agora. Salada de agrião, com uma massa integral. Tomates com manjerona, levemente refogados no azeite. Eu sou essa: a que curte pequenas coisas. Porque nada é pequeno. Nem eu, nem você.
* ah! Gostei do cara tatuado na banca de jornal.

domingo, 8 de março de 2009


A vida é bela....é exatamente esse o sentimento que passeia em mim hoje.

sábado, 28 de fevereiro de 2009